16 de Março de 1974 - 16 de Março de 2014, 40 anos!
O dia 16 de Março de 1974
Depois de terminada a especialidade de Radiotelegrafista no Regimento de Transmissões - no Porto, recebo guia de marcha para me apresentar no Regimento de Infantaria 16, em Évora. Chegados ao Quartel pela manhã, a porta de armas estava fechada só reabrindo ao final da tarde. Nessa madrugada, tropas do Regimento das Caldas da Rainha avançaram para Lisboa, mas o Governo de então estava informado e, militares leais ao Governo, interromperam a marcha às portas de Lisboa. Fracassou o golpe, foram presos os cabecilhas e enviados para o Forte da Trafaria.
Pouco mais de um mês passou e, a revolução triunfou. O 25 de Abril devolveu ao povo a liberdade, o fim da guerra do ultramar/colonial, a democracia e mais direitos sindicais para operários e assalariados.
Mesmo com a descolonização a decorrer, ainda embarco em 10 de Junho para São Tomé e Principe. Regressei em Maio de 1975.
"Na madrugada de 16 de Março de 1974, um grupo de oficiais do Regimento de Infantaria 5, das Caldas da Rainha, prendeu o comandante e fez sair uma coluna de 13 viaturas, com uma centena de soldados, que marchou sobre Lisboa, sob o comando do capitão Piedade Faria. Já às portas da capital, a coluna recebeu ordens para regressar, pois a chefia do movimento tivera informações de que o governo de Marcelo Caetano reunira forças mais poderosas para o defender. Os revoltosos regressaram ao quartel das Caldas, que foi cercado. Após várias horas de negociações, os sublevados renderam-se e o regime divulgou uma nota oficiosa com um título tranquilizador:«Reina a ordem em todo o país». Como a censura proibiu os comentários ao golpe, o jornalista Eugénio Alves recorreu a um truque para se referir aos acontecimentos no vespertino República, aproveitando o jogo Sporting-F.C.Porto (2-0), disputado no dia 17 em Alvalade:«Os muitos nortenhos que no fim-de-semana avançaram sobre Lisboa, sonhando com a vitória, acabaram por se retirar, desiludidos com a derrota. O adversário da capital, mais bem apetrechado (sobretudo bem informado da sua estratégia), fez abortar os intentos dos homens do Norte. Mas parafraseando um astuto comandante, perdeu-se uma batalha mas não se perdeu a guerra.»
O golpe das Caldas foi desencadeado pela demissão, na véspera, dos dois generais mais prestigiados do exército - Spínola e Costa Gomes -, por se terem recusado a participar na manifestação de vassalagem dos altos comandos militares ao chefe do governo, que ficou conhecida como a «brigada do reumático». O «16 de Março», que teve como protagonistas principais os majores Manuel Monje (hoje general e governador civil de Beja) e Casanova Ferreira, foi o ensaio geral para o golpe de 25 de Abril, um mês depois, que derrubou o regime e abriu caminho à instauração da democracia" T; J.F.
Notícias Magazine de 12 de Março de 2011-Revista do Diário de Notícias