Recordar Torroselo Sempre!
Travessa das Flores
Rua das Flores
Rua Luís de Albuquerque Pimentel
Rua das Flores
Por estas ruas e "quelhas" passei alguns anos da minha infância em Torroselo. Não foram assim tantos... mas os suficientes para nunca esquecer os vizinhos, os amigos e colegas de aventura, e a terra que me viu nascer.
Recordo com saudade todos os companheiros que fizeram parte das brincadeiras de então. Brincadeiras simples, tal como nós, e que se resumiam ao jogo do pião, do feijão, das escondidas e do futebol - quase sempre descalços - no pátio da Casa Grande quando a governanta e o caseiro o permitiam. Na maioria das vezes era cá fora, no Cimo do Pátio, actual Largo de Santo António.
Havia por essa época muita gente na nossa terra. Bastante juventude que, com o seu alarido e correrias animavam os idosos ao final do dia que, recolhidos junto às habitações esperavam pela sopa e pouco mais para enganar o estômago.
Cantávamos e pedíamos as "Janeiras", percorríamos e visitávamos quase todas as casas. No final do peditório alguns figos secos, bolachas e algum pão.
Em algumas casas o peditório rendia uma mão vazia e a outra cheia de nada. Ou porque não tinham, ou pior ainda, não tinham o hábito de partilhar com os mais carenciados.
Felizmente, o tempo mudou para melhor, mas esta e outras tradições estão a perder-se. Não há crianças, não há tradições, logo, o futuro está hipotecado.
Estas imagens que publico mostram o deserto e o silêncio das ruas da nossa aldeia; de dia ou de noite, no Verão ou no Inverno a solidão é uma constante. Quase todas estas casas estão vazias, sem moradores permanentes ou esporádicos. Muitos deles sairam à procura de uma vida melhor, outros, fizeram a última viagem para a vida eterna.
António Madeira