O regresso dos emigrantes
A Vida Mundial na edição de 26 de Dezembro de 1969 publicou uma extensa reportagem sobre a emigração portuguesa. Uma realidade que se mantém, mas agora com homens e mulheres qualificados que partem, sem esperança de regressar. Nos anos 60 do século passado a emigração portuguesa seguia para a Europa e, era constituída maioritariamente por pessoas do campo com pouca escolaridade ou formação profissional. Hoje, partem para o Mundo, e são enfermeiros, professores, médicos, arquitectos e outras profissões altamente qualificadas.
“Nos finais dos anos 50 e 60, “pelo menos 600.000 pessoas abandonaram Portugal (...). A Europa continua a ser a grande vocação deste País, pelo menos a dos seus humildes habitantes, que partem à procura de pão menos árduo, ou só de pão (alguns) ou, apenas de um sonho. Sim, porque uma vida que permite o sonho já começa a valer a pena ser vivida...
(...) Regressam pelo Natal. Grande rebanho sem pastor que freta comboios e paga os bilhetes de primeira classe com o produto do aluguer dos braços.
(...) Entre os que escolhem a quadra do Natal e Ano novo para vir a Portugal, há dois distintos: os que, trabalhando na construção civil e na agricultura, podem permanecer mais tempo, geralmente entre três a quatro meses, e os que estão empregados em fábricas com direito a um mês de férias pagas”. (...)
Excelente reportagem da Vida Mundial que, contornando a Censura, escrevia, que “ partem à procura de pão menos árduo, ou só de pão (alguns) ou apenas de um sonho”.
50 anos depois, a emigração continua a ser um sonho para uns, um pesadelo para outros que, no seu País, não conseguem arranjar meios de subsistência para si e para a família. Até quando?
Entretanto, nos últimos 40 anos, Portugal tem menos 800.000 crianças!
Bibliografia consultada
Vida Mundial, de 26-12-1969